O brilhante Manjushri dourado, aqui apresentado com sua espada flamejante da sabedoria decisiva na sua mão direita. Ele não só divide a neblina da ignorância individual, mas também é descrito como “a clara brilhante lâmpada da sabedoria, que dissolve a escuridão dos três mundos”. O cabo da sua espada é um vajra, portanto Bodhichitta, pois sua ação é motivada pela compaixão e pelo amor. A espada corta todas as ilusões pela raiz e, além diso, representa o senso de justiça, da equidade e da criatividade. Contudo, Manjushri não somente afasta o desconhecimento, mas ao mesmo tempo semeia o conhecimento. Sua mão esquerda mostra o gesto da apresentação do ensino e segura o cabo de uma flor de lótus, sobre a qual repousa o livro da perfeição da sabedoria, o sutra Prajnaparamita. Para isso aponta também a extremidade da sua espada de duas lâminas; com uma delas separa todos os conceitos compreensíveis e mostra que segundo a sua natureza são vazios, enquanto com a outra lâmina corta o próprio vazio como conceito.
Manjushri é considerado fonte de inspiração para todas as transmissões do sutra Prajnaparamita e do caminho do meio e está, por meio de grandes mestres hindus como Nagarjuna, no início de várias linhas de sabedoria do mahayana e vajrayana. Inumeráveis textos começam com uma homenagem ao senhor protetor da sabedoria, como o seguinte:
ser de sabedoria Manjushri!
Nada mais és do que
meu espírito original,
inseparável do guru.
Com a espada e o livro como símbolos, Manjushri é uma encarnação de Prajna, a sabedoria diferenciadora. Ele não só pode diferenciar entre as visões corretas e falsas da realidade, mas também sobre quais ações devem ser executadas no caminho espiritual e de quais se deve desistir. Isto é, a ação de Manjushri se desenvolve pela experiência prática e imaginação, através do que essa compreensão não só tem sua base necessária, mas também uma certeza interior.
Tradicionalmente muitos rituais e orações a Manjushri se destinam a apoiar os praticantes no aprendizado e no estudo, para que alcancem o conhecimento da verdadeira natureza da realidade. Isso encerra tanto a pesquisa da natureza dos fenômenos externos como a pesquisa da natureza do próprio ser, do próprio espírito. Isso em última análise, é o conhecimento do vazio, e com essa base pode desenvolver-se a ação compassiva para as outras pessoas. De acordo com a manifestação central do Prajnaparamita no sutra do coração, “a forma nada mais é do que o vazio, o vazio nada mais é do que a forma”, Manjushri oferece não só a proteção do samsara, mas também do Nirvana, pois a imersão na paz individual do Nirvana contradiria totalmente a compaixão ativa e a motivação altruísta do Prajnaparamita. Por isso, a compreensão sutil dos textos do Prajnaparamita é uma base necessária para a visão e a experiência da realidade do ser e do não ser das coisas.
O mantra a Manjushri é o seguinte: OM ARAPATSANA DHIH e ele é recitado para eliminar o obscurecimento em razão da ignorância e para aumentar o espírito da sabedoria.
fonte do texto:
DUDKA, Nick; LUETJOHANN, Sylvia. A prática da meditação tibetana: imagens que estimulam a descoberta e a sabedoria. São Paulo: Pensamento, 2009. p.98-102.Disponível em [https://www.grupopensamento.com.br/produto/pratica-da-meditacao-tibetana-5213]
Que nossa prática derreta o gelo de nossa mente,
trasformando-a em água límpida, fluida, clara e de transparente sabedoria,
para o benefício de todos os seres.