A palavra meditação vem do latim meditare, que significa voltar-se para o centro no sentido de desligar-se do mundo exterior e voltar a atenção para dentro de si. Em sânscrito é chamada dhyana e é obtida pelas técnicas de dharana (concentração). Na língua chinesa dhyana tornou-se Ch’anna, termo que sofreu contração e tornou-se Ch’an (Zen, em japonês). Em páli é jhana. Significa concentrar intensamente o espírito em algo.
Para muitos, meditar é sentar em posição de lótus, respirar profundamente e ficar sem pensamentos até que se dê um estado de unidade com o Todo. Talvez seja essa a maneira mais conhecida.
Existem diversas correntes de meditação. A ioga, a budista, o zazen, vipassana, a hesicasta, a transcendental…, mas todas, no fundo, têm objetivos muito próximos: acalmar a mente e viver uma comunhão com o sagrado.
E por que o Silêncio? O Silêncio em letra maiúscula significa um estado pleno de receptividade. Receptividade Àquilo que É em nós. Receptividade ao Númen que nos habita ou, por outra, à Luz que somos e nos distanciamos, usando a mente para estarmos no futuro ou no passado. Somente estando presentes assumiremos integralmente o nosso Caminho. Caminhar em nossa direção e fazer as escolhas de vida que de fato nos traduzam. Se estivermos dispersos de nós mesmos será fácil sermos manipulados e acabaremos fazendo o que não queremos, sem perceber que, no fundo, não queremos. Nesse mundo aceleradíssimo em que vivemos, se não estivermos presentes entregaremos nossos sonhos aos interesses de terceiros, perderemos o contato com o Ser que somos e daí pra frente… bem… a gente já sabe onde vai dar. Basta ver os noticiários. O Plano da Vida orienta que nos assumamos por inteiro, do contrário viveremos um Sono de Adiamento. Uma inconsciência que projetará no amanhã a nossa felicidade. Um amanhã idealizado que nunca chegará. O convite é para que estejamos presentes Aqui e Agora.
Então, Silenciar pode ser:
Calar-se.
Observar a respiração.
Não lutar contra os pensamentos. Observe-os. Eles não são você.
Não desqualificar este momento como se ele fosse tão igual a outros. Não, não é. Aqui começa o início de uma profunda revolução. A revolução de tomar posse de seu metro quadrado. A revolução de tornar-se Sujeito de seu Caminho, e não objeto de desejo do outro. A revolução de ir ao encontro de si e discernir quem é você e quem é o outro em você.
Mesmo parecendo que nada de especial está acontecendo com o ato de ficar em silêncio, observe alguns pontos chaves para a verdade do coração. Perceba o que está sentindo. Aqui é o começo de toda a transformação.
Seja terno e flexível com esta experiência. O que está em jogo não é perseguir um objetivo e sim observar o processo. Nossos processos de conseguir ou não conseguir algo são nossos mestres nos ensinando como caminhar. Não projete objetivos como não pensar, aquietar-se, ter um enorme prazer, ver Deus… Tudo isso impedirá que a experiência cumpra a mansa função de devolver você a você. Talvez não se perceba, mas vivemos reféns de coisas que nosso Ser não escolheu. Estamos reféns de objetivos que nos colocaram como sendo certos.
Deixar que a disciplina, o foco e o tempo promovam um grande encontro entre você e você, entre você e o outro, entre você e o mundo. O Amor só nos visita quando estamos presentes, do contrário, o convidamos, mas nunca estamos em casa para recebê-lo.
E por fim, ao longo de um processo artesanal, experiências extraordinárias podem acontecer como, por exemplo, estarmos plenos no ato de nos exercermos homens e mulheres.
TERRA DE RUDÁ. Segurança, foco e autorealização [folheto de retiro de imersão em Mendes, RJ]. 2015. p.9-10