A crença em uma dimensão onde vive o Eu cósmico sempre foi um fator de fortalecimento da resiliência em momentos nos quais as próprias forças pessoais não são suficientes para lidar com os desafios que se apresentam.
SÉTIMA NOITE SANTA: 31 de dezembro
Temos o nascer do sol que anuncia o novo dia, e no final deste o cair da noite. Uma nova estrela brilha no céu emanando luz da Constelação da Virgem o portal do qual emanam as forças espirituais dos Kyriotetes, os Seres da Sabedoria, também chamados Domínios. Na evolução, eles acordaram ao perceber a existência de outros Seres, e atuaram criando um espaço do acolhimento. Estamos ainda no âmbito da segunda hierarquia que acolhe e realiza os planos divinos.
As forças do Signo de Virgem configuraram o ventre, que é um aspecto físico do feminino, o espaço onde um novo ser é gerado e nutrido até poder nascer.
A alma humana também tem essa qualidade do feminino de abrigar no íntimo a nossa essência, o nosso Eu. A virgindade corresponde a um aspecto de nossa alma que permanece intocada pelas necessidades terrestres, e pode então acolher e gerar o Espírito individualizado em nós. Em todos nós!
Na arte, as qualidades de sabedoria dos Kyriotetes estão expressas nas Madonas de Rafael: a Virgem como a Sofia, a imagem terrestre da Alma cósmica individualizada, carregando no braços a criança, representante do Eu primordial. O novo mundo anunciado pela Renascença revelou-se, através da pintura, como um estado anímico, com um caráter de subjetividade, de uma intimidade permeada de autoconsciência.
Anteriormente, os antigos povos do Oriente olhavam para as estrelas em busca do seu ser divino. O antigo povo grego olhava para a natureza em busca de respostas às questões fundamentais de conhecimento. O ser humano, a partir da Renascença, olha para dentro de si em busca de sua existência.
O fato de vivermos, como humanidade, na época da alma da consciência nos faz andar pelo mundo como seres solitários com necessidades crescentes de privacidade, de espaços onde possamos nos refazer da rotina estressante, onde possamos olhar para dentro de nós mesmos e lidarmos com as nossas inquietações. Na jornada biográfica lidamos como o desafio constante de criar espaço para o autodesenvolvimento no burburinho da vida externa.
Estamos sempre ocupados, pulamos de uma tarefa para a outra, sempre procurando estar bem informados, sempre estabelecendo conexões e tentando nos adaptar às novas situações. Pelo diálogo entre a razão e o coração, tendemos a ordenar e a conduzir nossa vida. Se a ênfase for na dobradinha “penso e faço”, e os sentimentos ficarem em segundo plano, a vida interior do indivíduo se enfraquece. Tal vulnerabilidade irá se refletir no entorno, como dramas, nos quais a pessoa se torna refém e protagonista de muitos conflitos e desperdiça uma energia emocional enorme.
A crença em uma dimensão onde vive o Eu cósmico sempre foi um fator de fortalecimento da resiliência em momentos nos quais as próprias forças pessoais não são suficientes para lidar com os desafios que se apresentam.
Na sétima Noite Santa, através do Portal de Virgem, recebemos os impulsos espirituais dos Kyriotetes, que são capacidades de criar o espaço para algo novo ser gestado no íntimo e de encontrar forças de seu próprio interior para fazer desabrochar a sua vida.
Nesta noite concentre-se, como faz a semente, na essência do que você quer realizar.
Com certeza eu caminho pela vida,
Com amor no íntimo do meu ser,
Com esperança em tudo que eu faço,
Com confiança no meu pensar,
Forças jorrem do meu coração.”
Acompanhe todas as páginas com o ciclo completo das Doze Noites Santas: https://www.continuamente.com.br/tag/12-noites-santas/
fonte do texto:
ANDRADE, Edna. As Doze Noites Santa [Site Festas Cristãs: <http://www.festascristas.com.br/12-noites-santas/12-noites-santas-textos-diversos/483-as-doze-noites-santas-edna-andrade>]. Acesso em 24 dez 2020.
Palestra proferida por Edna Andrade na Clínica Tobias em São Paulo no Natal de 2006.
ANDRADE, Edna. Sétima Noite Santa: 31 de dezembro [Site Biblioteca Virtual da Antroposofia: <http://www.antroposofy.com.br/forum/setima-noite-santa-31-de-dezembro-2/>]. Acesso em 31 dez 2020.
ANDRADE, Edna. A jornada meditativa das doze Noites Santas. São Paulo: Editora Antroposófica, 2020. p.41-43.fonte da imagem:
MURILLO, Bartolomè Esteban. Madonna col bambino. (1650?). [Galleria Palatina di Palazzo Pitti a Firenze <https://www.alinari.it/it/dettaglio/CAL-F-003276-0000>].
Disponível em <https://it.m.wikipedia.org/wiki/File:Bartolom%C3%A9_Esteban_Perez_Murillo_018.jpg>
Gravação com narração de Mirna Grzich, produção de Gabriel Lehto